Um homem sem sonhos perde a sensibilidade, se priva da orgia do seu inconsciente. Um homem que vive sonhando, perde o time da realidade. Vive em vão, apenas sonha.
E é nessa loucura paradoxal que devemos trilhar os rumos da nossa vida, ter o discernimento necessário para sabermos quando sonhos serão sempre sonhos, e quando a realidade é mais dura do que a imaginávamos. A realidade sempre é mais dura.
Viver sonhando não nos faz mais fortes, não nos dá mais vivência. Com tudo isso, ganhamos apenas uma falsa sensação de felicidade. Não é a tristeza de viver uma mentira, não é o gosto doce de viver uma verdade inventada, é a ilusão do sonho.
Eu estou em branco, não posso ler minha mente, eu sou indefinida Estou apenas começando, a caneta está em minha mão Terminando o não planejado
Encarando a página em branco a sua frente Abra a janela suja Deixe o sol iluminar as palavras que você não pôde achar
Tentando alcançar algo a distância Tão próximo que você quase pode provar Liberte suas inibições
Sinta a chuva na sua pele Ninguém pode senti-la por você Somente você pode deixá-la entrar Ninguém mais, ninguém mais Pode dizer as palavras em seus lábios Se molhe em palavras não ditas Viva sua vida com braços abertos Hoje é o dia em que seu livro começa O resto ainda está em branco
Eu quebro tradições, algumas vezes minhas tentativas, são fora dos limites Nós fomos condicionados a não cometer erros Mas eu não posso viver desse jeito
Natasha Bedingfield
P.S.¹ Dificilmente posto algo que não é de minha autoria, mas nessa letra há dicas preciosas para quem busca a tal "felicidade". P.S.² Desculpem a falta de atualização, estou trabalhando em um novo projeto. No próximo post devo anunciá-lo.
Minha mãe certa vez me disse que quando algo grave acontece, nosso coração “perde” emoções que antes eram constantes. E concluiu dizendo que hoje em dia não se emociona mais vendo novelas ou assistindo um filme. A teoria é verdadeira. Eu a confirmei.
Nossos sentimentos são sistemáticos, eles nascem conforme a intensidade que escolhemos viver os fatos, porém eles também acabam com a mesma rapidez – ou demora – com que chegam. Tudo proporcionalmente.
Aquela mesma música não te arrepia mais, aquelas fotos não mexem mais com você, aquele filme não te faz mais refletir. São sinais de que um sentimento se foi. Que nesse momento ele realizou a “passagem”. Deixou de existir dentro de você e foi para um lugar ignoto.
Talvez minha mãe precise de inspiração, de novidade, de aventura. Não só ela, boa parte do mundo também precisa voltar a sentir as coisas mais simples e belas. Eu, no meu crédulo sentimentalismo, prefiro continuar acreditando que sentimentos são seguidores do espiritismo, e nunca desaparecem para sempre. Eles reencarnam.
Um belo dia quando ouvirmos a mesma melodia que nos balançava, iremos voltar a sentir. Nosso sentimento fez a “passagem”, “reencarnou”, e está aqui, dentro de cada um de nós, pronto para voltar ao “trabalho” e na expectativa que jamais se vá novamente. Nada melhor do que viver sentindo.
Ontem assisti uma cena curiosa. Caminhando apressado – em meio a tantos outros na mesma situação – pelo centro da cidade, olho para o lado e vejo um cachorro andando em apenas três patas. Eis então que uma menina, comendo aqueles salgadinhos de pacote, se curva diante do bichano e o serve do banquete. Uma alma caridosa? Talvez... Nem tanto.
Há no mínimo 10 passos do cachorro estava um mendigo – em meio a tantos outros na mesma situação - por sorte eu o avistei observando a cena da menina com o cachorro. E também observei seus olhos de desaponto quando a mesma por ele passou sem se quer curvar-se.
Vou confessar, a cena mexeu comigo a ponto de eu parar, atravessar a rua, entrar em uma dessas lanchonetes populares que vendem “PASTEL + SUCO. SÓ UM REAL” (que provavelmente, assim como eu, você nunca havia entrado numa antes) e levar o pastel engordurado e o suco até o mendigo, que curiosamente, assim como o cachorro, também não tinha uma perna.
O que fez a menina julgar mais importante o cachorro do que o mendigo? Eu realmente acho que boa parte da humanidade desenvolveu a capacidade de fingir não enxergar o que lhe incomoda. Talvez aquela menina tenha visto o mendigo e tenha até tido vontade de oferecer a ele o seu precioso salgado, o que faltou a ela foi coragem de “enfrentar” um ser humano estraçalhado pela vida. O cachorro não pode dizer que sente dor, que sente fome, que sente frio, que sente abandono e desprezo. Ele não pode falar a ela que foi esquecido... Que ninguém o alimenta, nem o afaga. Não o leva no pet shop, ou muito menos o veste de Papai Noel no Natal. O mendigo ainda fala. Isso a vida não pode tirar...
Ao entregar o alimento ao mendigo, eu não ouvi nenhuma queixa – eu as enxerguei nos seus olhos. Apenas recebi um sorriso queimado e um: - Deus lhe pague meu filho. Afinal a voz, sua vida ainda não pôde tirar.